quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Osklen - mágoas de caboclo, listras e o novo streetwear

Desfile da Osklen, sala cheia ontem no São Paulo Fashion Week. Peço para uma assessora um lugar, ela fala para sentar na cadeira última da imprensa internacional. Minutos depois uma outra assessora me tira dali. Sala cada vez mais cheia.

Espero um pouco em pé, calmo, sem faniquitos. E sem chiliques, decido me retirar.
Resolvi ver no conforto refrigerado da sala de imprensa. Fui ver o desfile com um pouco de mau humor e meio sem vontade - tanto que nos primeiros looks o xoxo brotou forte: “Ih, Oskar fez uma Emília em crossover (olha a biologia aí, gente) com Pimentinha na fase delinqüente juvenil que acabou de deixar o xilindró com tanta listra”.

Mas quando a coisa é boa, não tem mágoa de caboclo certa e a coleção foi me conquistando, recebendo meus elogios em voz alta. E por fim, alguma objetividade tem na crítica a seguir:

Osklen alarga como listras o conceito do streetwear

Desde a coleção sobre o vento que a Osklen não soprava novidades tão promissoras na passarela. A cidade vista do alto como uma grande plantação de colheita de idéias. A cidade vista nas luzes dos carros em movimento (as listras), das idéias em movimento.

Da idéia que os tecidos tecnológicos podem ser naturais como o couro vegetal. Da idéia que um novo unissex sem ser uniforme e uniformizante imperará pelas ruas. E principalmente da idéia que o streetwear pode (e deve) ser explorado como uma das grandes metrópoles que inspiraram a marca. Explico: existe um senso comum em moda que os estilistas de streetwear só passam a ser realmente respeitados quando dominam a alfaiataria. Fato que muitas marcas fazem a passagem, entre eles a Osklen, mas com a conquista do domínio da alfaiataria e sua sedução, existe sempre a perda de um pouco do imperfeito, do “sujo” do streetwear “de raiz”, que no fundo é a verdadeira moda de rua.

Com a alfaiataria existe uma glamourização do streetwear e isso a Osklen tem feito em inúmeras coleções passadas. Pela primeira vez, a alfaiataria estava a serviço completo do streetwear, mostrando uma inversão de movimento. Movimento esse que ainda iluminará muito a nossa moda.

[Vitor Angelo, do dus*****infernus - leia mais aqui]

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